segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Bach, na casa de correcção

Bach, na casa de correcção
 
 
Uma caixa grande de violoncelo assemelha-se bastante a um caixão, pelo que, à medida que eu transportava a minha pelo Central Juvenile Hall (Centro de Detenção Juvenil) de Los Angeles, ia atraindo muitas atenções. Dirigia-me à capela após ter sido convencido a tocar para uma audiência de jovens reclusos pela Irmã Janet Harris, que coordenava as actividades de voluntariado. O projecto que mais a entusiasmava era um programa de escrita criativa que ela própria ajudara a criar e no qual eu começara recentemente a colaborar como professor. Os meus alunos eram IARs, ou «infractores de alto risco», que estavam acusados de homicídio ou assalto à mão armada e aguardavam ali o respectivo julgamento.
De alguma forma misteriosa, a Irmã Janet soubera que eu tocava violoncelo nos meus tempos livres e pediu-me para dar ali um pequeno concerto. Tentei recusar, recordando-me ainda da última vez que tocara para um grupo de miúdos: fora numa festa de anos e o aniversariante pontapeara a ponta do meu instrumento, declarando que o violoncelo era estúpido e que só o acordeão conseguia ser mais aborrecido.


— Irmã Janet — disse eu — já alguma vez foi a uma festa de alunos de uma escola em que a música clássica fizesse parte do programa? Pode ser uma péssima ideia...
— Ah — respondeu ela, sorridente — mas isso seria numa escola. Os nossos rapazes jamais se comportariam assim.
Após passar por um labirinto de vedações de arame, cheguei a um edifício com uma cruz no telhado. Sobrepondo a minha voz ao ruído da música que saía de um amplificador lá de dentro, apresentei-me a alguém que trazia a identificação ao peito e um walkie-talkie. Folheando um caderno com o programa, o homem disse-me então: — O próximo é já você!
Levou-me depois para o gabinete do capelão, onde pude retirar o meu violoncelo da caixa e fazer o aquecimento para a minha actuação.
— Quando o chamarmos, vá por aquela porta, que lhe dará acesso directo ao palco — explicou-me o homem.
Quando ele saiu, decidi abrir só uma nesga da porta e espreitar para a sala. Tinha curiosidade de ver qual o tipo de actuação que antecedia a minha. E vi que era um grupo de hip-hop, com a música muito alta a sair dos amplificadores, ao som da qual a audiência de prisioneiros se abanava e batia as mãos. Um dos elementos da banda era uma jovem muito atraente, com calças de ganga justas e uma camisa que lhe deixava o umbigo à mostra. Embora ela não cantasse e a forma como usava a pandeireta denotasse pouco treino, um simples olhar sobre aquele público só de homens confirmou-me que a estrela daquela actuação era ela.
Fechei a porta e afundei-me na cadeira do capelão. «Incomodo?», perguntou uma voz atrás de mim. Era a Irmã Janet.
— Acho que não foi boa ideia pôr-me a tocar — disse-lhe.
— Porque não?
— Ouça o que está a acontecer ali dentro! Estão a bater o pé e a dançar que nem loucos, e isso só por verem  a rapariga de biquini, já  para não falar da música. Consegue imaginar o balde de água fria que vão ter quando eu entrar ali dentro?
— Têm lá uma rapariga de biquini? — perguntou a Irma Janet.
— Não está em biquini mas quase. Isto não vai resultar.
— Tenha um pouco de fé! — instou ela.
Às duas horas em ponto, o som dos amplificadores foi desligado sem cerimónias e o grupo saiu do palco. Ao contrário do que acontece noutros concertos, em que as pessoas aplaudem e gritam bis no final de uma actuação, o público ali teve de permanecer calmo e sentado. Mas ninguém estava com um ar satisfeito.
Um homem com uma peruca mal colocada percorreu o corredor desde lá de trás por entre os bancos, virou-se para o público e leu em voz alta: — E agora o Sr. Salzman, que vai tocar violoncelo. — Depois, voltou por onde viera e saiu da capela.
O silêncio que se instalou na sala enervou-me de tal maneira que não consegui ver a plataforma mais elevada do palco e caminhei direito a ela e tropecei, entrando em cena a cambalear para não cair. Por um triz consegui evitar a queda, utilizando o violoncelo como se fosse uma vara de esqui, ou seja, apoiando firmemente a extremidade do braço do instrumento no chão e saltando para o lado do público. Não fora minha intenção fazer uma entrada à Buster Keaton, mas foi isso que aconteceu, e os reclusos acolheram-me com uma sonora gargalhada e uma salva de palmas.
Demorei um pouco a começar para lhes explicar que quase tudo aquilo que viam no violoncelo (à excepção das cordas de metal e do pino da extremidade do braço) já tinha feito parte de coisas com vida: a parte superior fora retirada de um abeto, a parte posterior, de um carvalho silvestre (com os seus veios escuros semelhantes à pele de um tigre), o descanso para os dedos, de um ébano, o arco, de um pau de quire com pêlos de cauda de um cavalo, e as peças de marfim, de um dente de um mamute conservado na tundra congelada durante dezenas de milhares de
anos. — Quando tocamos este instrumento — concluí — trazemos todas essas peças novamente à vida.
Entretanto, esgotei os factos que pouca gente sabe sobre os violoncelos, e disse aos rapazes que a primeira peça que iria tocar para eles, O Cisne, de Camille Saint-Saëns, me fazia sempre pensar na minha mãe. Comecei então a tocar. Com aquele tecto elevado, paredes nuas e chão duro, a capela fazia o som ressoar como que numa banheira gigantesca. O violoncelo soava divinamente naquela sala, o que me entusiasmou, até que a dada altura ouvi uma espécie de murmúrio entre o público, o que me trouxe de volta para a realidade. Os miúdos estavam aborrecidos, tal como eu previra.
O som aumentou de intensidade. Não era bem o som de inquietação, mas também não eram sussurros. Olhei então para o público e vi uma sala inteira de rapazes com as lágrimas a correrem-lhes dos olhos. Aquilo que eu ouvira não fora mais do que o som de fungar e assoar – que é música para os ouvidos de qualquer músico!
Toquei o resto da peça como nunca até então tocara na minha vida, e quando terminei, a ovação foi ensurdecedora. Era o sonho de um violoncelista medíocre a tornar-se realidade! Para a minha peça seguinte, escolhi uma sarabanda de uma das suites de Bach, pela qual os rapazes me recompensaram com mais aplausos. Nessa altura, alguém gritou:
— Toca a das mães outra vez! — E a ideia foi imediatamente aclamada por todos.
Compreendi então que fora a evocação da figura materna que os comovera daquela maneira.
Toquei novamente O Cisne, um pouco mais de Bach, e O Cisne uma terceira vez. Quando o homem da peruca assinalou o fim do tempo para a minha actuação, os jovens assobiaram-no. E depois deram-me uma ovação final!
 
 
Mark Salzman
Selecções do Reader’s Digest
Lisboa, Outubro 2004

o mundo dos dinossauros


domingo, 23 de janeiro de 2011

Área de Projecto 5ºB 2010/2011




“Os 23 Veterinários”

No dia 23 de Janeiro, pelas 15h na aula de Área de Projecto, o Doutor Carlos Viegas, Veterinário, Investigador e Professor da UTAD, veio à nossa escola para nos mostrar dois Power Point´s e esclareceu algumas dúvidas dos alunos do 5ºB, sobre a vida de um veterinário.

No primeiro power point falava sobre a higiene oral dos animais domésticos e as várias doenças como: calcário, periodontal, calculo dentário, etc.

Quando os médicos operam animais têm de se proteger com luvas, mascara, touca, etc., porque podem apanhar as doenças dos animais.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

PARLAMENTO DOS JOVENS

Durante esta primeira fase do programa foram levadas a cabo, pela escola, diversas acções. Através da afixação dos cartazes contendo toda a informação necessária, foi feita uma sensibilização no sentido de incentivar a participação no projecto. Os alunos pesquisaram exaustivamente o tema e fizeram o levantamento de problemas.
As três turmas envolvidas (5.º E, 7.º B e 9.º D) promoveram no dia 9/12/2010 um debate sobre o tema: Violência em Meio Escolar”, realizado na Escola e aberto à comunidade educativa, que contou com a colaboração do psicólogo do Agrupamento, Dr. Eduardo Castro, como moderador.
As turmas abrangidas candidataram-se em 3 listas e apresentaram moções fundamentadas junto dos colegas, promovendo a campanha eleitoral.
A eleição, que decorreu no dia 18/01/2011, foi bastante participada, com civismo e respeito pelas regras democráticas.
Os deputados eleitos participaram na Sessão Escolar que se realizou no dia 20/01/2011 onde discutiram as medidas apresentadas por cada lista, com pedidos de esclarecimentos e comentários sobre as respectivas moções. Votaram as propostas que integraram o Projecto de Recomendação da Escola.
De seguida, foram eleitos os representantes efectivos que defenderão a proposta final da Escola na Sessão Distrital/Regional.
Parabéns aos (às) ilustres deputados (as) que irão representar a Escola: Marta Inês Macedo Vasconcelos, Miguel Ângelo Ribeiro da Cruz, Rita Alexandra Gouveia da Silva e Margarida Raposo Alves.
                                                                          Graça Dinis  























DESDOBRÁVEIS DE GEOGRAFIA - orientados pelo professor Francisco Pimentel









DESDOBRÁVEIS DE GEOGRAFIA - orientador professor Francisco Pimentel







quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

“Uma Visita de estudo Interessante”

ÁREA DE PROJECTO 2010/11
“Uma Visita de estudo Interessante”

No dia 13 de Janeiro de 2011, pelas 14h, a minha turma que é o 5ºB, na hora de Área de Projecto, realizou uma visita de estudo ao Hospital Veterinário da UTAD.
Pelo caminho fomos acompanhados por dois agentes da Polícia Segura que nos guiaram até lá.
Quando chegámos ao Hospital, à entrada da porta brincamos com um cão chamado Loqui, enquanto esperávamos pelo Dr. Carlos Viegas que estava a fazer uma cirurgia. Demos inicio à nossa visita passando pela sala de espera e a sala de consultas. Durante a visita vimos o aparelho de RX e o écografo.
Depois entrámos num espaço onde o chão era antiderrapante, para os cavalos             e as vacas não escorregarem. Estivemos também numa sala almofadada para quando os cavalos e as vacas acordassem da anestesia não se magoarem.
De seguida, vimos uma piscina com 5 metros de profundidade para os cavalos e as vacas fazerem fisioterapia, e no meio desta, estava uma grua para quando os animais se sentirem aflitos.
Depois, na sala ao lado, vimos o picadeiro que era onde os cavalos faziam exercício físico correndo.
Vimos também a piscina de cães que ainda não estava totalmente construída e irá ter um tapete rolante e ondas.
Vimos o laboratório de análises clínicas e a sala de arquivo.
Depois de isto tudo, fomos a um hospital situado num bosque com um túnel octogonal onde tínhamos de fazer pouco barulho para não assustar as aves silvestres lá existentes, que eram os corvos, os abutres e etc. Nesse túnel também vimos águias de asa redonda e águias calçadas.
Não vimos os falcões porque esses estavam na câmara de muda.
Já no fim da visita, um guia disse-nos que se víssemos um animal ferido na rua            , teríamos que chamar a polícia.
Gostei muito desta visita.    

Filipa Fraga 5ºB nº9



quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O DIA DE REIS NA EB1 DE GUIÃES










Resultados do Concurso "Carta a los Reyes Magos":



Resultados do Concurso "Carta a los Reyes Magos":
Secundário
1.º Lugar: Daniel André de Carvalho - Escola Secundária do Morgado de Mateus - Vila Real
2.º Lugar: Joana Barreiro - Agrupamento Vertical de Escolas de Vila Pouca de Aguiar Sul - Vila Pouca de Aguiar
3.º Lugar: Mariana Sanches Agrupamento Vertical de Escolas de Vila Pouca de Aguiar Sul - Vila Pouca de Aguiar
Básico
1.º Lugar: Ana Sofia Martins Olival- Escola Secundária de São Pedro - Vila Real
2.º Lugar: Ana Sofia Nóbrega de Oliveira - Escola Secundária C/3 Camilo Castelo Branco - Vila Real
3.º Lugar: Inês Duarte Carvalheira - Agrupamento vertical de Escolas Dr. João de Araújo Correia - Régua

Prémio extraordiário atribuído à carta mais divertida: Patrícia Helena Silva Soares - Agrupamento Vertical de Escolas Dr. João de Araújo Correia - Régua



O Agrupamento Monsenhor Jerónimo Amaral não obteve nenhum dos lugares mencionados acima, no entanto foi realizada uma selecção dos trabalhos apresentados ao nivel do agrupamento e foram distinguidos os seguintes:
1º lugar: Margarida Raposo Alves - 7º B nº 13
2º lugar: Pedro Miguel Peixoto Botelho - 8º B nº 14
Estes alunos receberam os respectivos diplomas e ao 1º lugar foi entregue como simbolo do país vizinho, umas castanholas.
Parabéns a todos os participantes.



terça-feira, 4 de janeiro de 2011

dia mundial do braille

Encontra-se aberta ao público uma pequena exposição sobre este dia onde se podem ler 7 histórias em Linguagem Braille: As roupas novas do Imperador, Virgolino Vuiolino, O pintas dragão, A pequena sereia, Os óculos do coelho cenourinha, O sapateiro remendão e A herdade do Joãozito.



BIBLIOTECA ESCOLAR
AGRUPAMENTO DE ESCOLAS MONSENHOR JERÓNIMO AMARAL



A ORIGEM DO MÉTODO BRAILLE



Um dia, um menino de 3 anos estava na oficina do pai e vendo-o fazer arreios e selas, pensou: Quando for grande quero ser como o meu pai”.


Este menino, de nome, Louis Braille nasceu em 4 de Janeiro de 1809 em Coupvray, na França, a cerca de 40 quilómetros de Paris. Certo dia, ao tentar imitar o seu pai, agarrou num instrumento pontiagudo e começou a bater numa tira de couro. O instrumento escapou da pequena mão, atingindo-lhe o olho esquerdo. Pouco tempo depois, uma infecção atingiu o olho direito e o menino ficou totalmente cego.


Com o passar do tempo, embora se esforçasse para se lembrar, as imagens foram gradualmente desaparecendo e ele deixou de se lembrar das cores.


Aprendeu a ajudar o pai na oficina, trazendo ferramentas e peças de couro. Na tentativa de que Louis tivesse uma vida o mais normal possível, os pais e o padre da paróquia, Jacques Palluy, matricularam-no na escola local. Louis tinha enorme facilidade em aprender o que ouvia e em determinados anos foi seleccionado como líder da turma. Com 10 anos de idade, Louis ganhou uma bolsa do Institut Royal des Jeunes Aveugles de Paris (Instituto Real de Jovens Cegos de Paris).


Aqui, havia livros com letras grandes em relevo. Os estudantes sentiam, pelo tacto, as formas das letras e aprendiam as palavras e frases.


Rapidamente o jovem Louis descobriu que era um método limitado. As letras eram muito grandes e uma história curta enchia muitas páginas. O processo de leitura era muito demorado, a impressão de tais volumes era muito cara e em pouco tempo o menino tinha lido tudo que havia na biblioteca. Queria mais. Na ocasião, ele escreveu no seu diário:


“Se os meus olhos não me deixam obter informações sobre homens e eventos, sobre ideias e doutrinas, terei de encontrar uma outra forma.”


Como adorava música, tornou-se estudante de piano e violoncelo. O amor à música aguçou seu desejo pela leitura. Queria ler também notas musicais.


Passava noites acordado, pensando em como resolver o problema.


Um dia, ouviu falar de um capitão do exército que tinha desenvolvido um método para ler mensagens no escuro. A escrita nocturna consistia em conjuntos de pontos e traços em relevo no papel. Os soldados podiam, correndo os dedos sobre os códigos, ler sem precisar de luz. Ora, se os soldados podiam, os cegos também podiam, pensou o garoto.


De imediato, procurou o capitão Barbier que lhe mostrou como funcionava o método. Fez uma série de furinhos numa folha de papel, com um furador muito semelhante ao que cegara o pequeno. Noite após noite e dia após dia, Louistrabalhou no sistema de Barbier, fazendo adaptações e aperfeiçoando-o. Suportou muita resistência. Os donos do instituto tinham gasto uma fortuna na impressão dos livros com as letras em relevo e não queriam que tudo fosse por água abaixo…


Com persistência, Louis Braille foi mostrando o seu método e os meninos do instituto mostravam-se bastante interessados.


À noite, às escondidas, iam ao seu quarto, para aprender. Finalmente, aos 20 anos de idade, Louis chegou a um alfabeto legível com combinações variadas de um a seis pontos. O método Braille estava pronto. O sistema permitia também ler e escrever música.


A ideia acabou por encontrar aceitação!


Semanas antes de morrer, no leito do hospital, Louis disse a um amigo: “Tenho a certeza de que minha a missão na Terra terminou. “Dois dias depois de completar 43 anos, Louis Braille faleceu de tuberculose. Nos anos seguintes à sua morte, o método espalhou-se por vários países. Finalmente, foi aceite como o método oficial de leitura e escrita para aqueles que são cegos. Na França, a invenção de Louis Braille foi finalmente reconhecida pelo Estado. Em 1952, o seu corpo foi transferido para Paris, onde repousa no Panthéon.


Foi desta forma que os livros puderam fazer parte da vida dos cegos. Tudo graças a um menino imerso em trevas, que dedicou a sua vida a fazer luz para enriquecer a sua e a vida de todos os que se encontram privados da visão física.