segunda-feira, 20 de setembro de 2010

ESCRITOR DO MÊS DE SETEMBRO




















EÇA DE QUEIRÓS

BIOGRAFIA

José Maria de Eça de Queirós nasceu em Novembro de 1845, numa casa da Praça do Almada na Póvoa de Varzim, no centro da cidade; foi baptizado na Igreja Matriz de Vila do Conde. Filho de José Maria Teixeira de Queirós, e de Carolina Augusta Pereira d'Eça.[2] O pai de Eça de Queirós, magistrado e par do reino, convivia regularmente com Camilo Castelo Branco, quando este vinha à Póvoa para se divertir no Largo do Café Chinês.
Eça de Queirós foi baptizado como «filho natural de José Maria d'Almeida de Teixeira de Queirós e de Mãe incógnita» [carece de fontes?], fórmula comum [carece de fontes?] que traduzia a solução usada em caso similares nos registos de baptismo quando a mãe pertencia a estratos sociais elevados.
Uma das teses para tentar justificar o facto dos pais do escritor não se terem casado antes do nascimento deste sustenta que Carolina Augusta Pereira de Eça não teria obtido o necessário consentimento da parte de sua mãe, já viúva do coronel José Pereira de Eça. De facto, seis dias após a morte da avó que a isso se oporia, casaram-se os pais de Eça de Queirós, quando o menino tinha quase quatro anos.
Nessa altura, foi internado no Colégio da Lapa, no Porto, de onde saiu em 1861, com dezasseis anos, para a Universidade de Coimbra onde estudou direito. Além do escritor, os pais teriam mais seis filhos.
O pai era magistrado, formado em Direito por Coimbra e ainda escritor e poeta. Em Coimbra, Eça foi amigo de Antero de Quental. Os seus primeiros trabalhos, publicados a avulso na revista "Gazeta de Portugal", foram depois coligidos em livro, publicado postumamente com o título Prosas Bárbaras.
Em 1866, Eça de Queirós terminou a Licenciatura em Direito na Universidade de Coimbra e passou a viver em Lisboa, exercendo a advocacia e o jornalismo. Foi director do periódico O Distrito de Évora. Porém continuaria a colaborar esporadicamente em jornais e revistas ocasionalmente durante toda a vida. Mais tarde fundaria a Revista de Portugal
Em 1869 e 1870, Eça de Queirós fez uma viagem de seis semanas ao Oriente. Aproveitou as notas de viagem para alguns dos seus trabalhos, o mais notável dos quais o O mistério da estrada de Sintra, em 1870, e A relíquia, publicado em 1887. Em 1870 ingressou na Administração Pública, sendo nomeado administrador do Concelho de Leiria. Foi enquanto permaneceu nesta cidade, que Eça de Queirós escreveu a sua primeira novela realista, O Crime do Padre Amaro, publicada em 1875.
Tendo ingressado na carreira diplomática, em 1873 foi nomeado cônsul de Portugal em Havana. Os anos mais produtivos de sua carreira literária foram passados em Inglaterra, entre 1874 e 1878, durante os quais exerceu o cargo em Newcastle e Bristol. Escreveu então alguns dos seus trabalhos mais importantes, como A Capital, escrito numa prosa hábil, plena de realismo. Manteve a sua actividade jornalística, publicando esporadicamente no Diário de Notícias, em Lisboa, a rubrica «Cartas de Inglaterra». Mais tarde, em 1888 seria nomeado cônsul em Paris.
Seu último livro foi A Ilustre Casa de Ramires, sobre um fidalgo do século XIX com problemas para se reconciliar com a grandeza de sua linhagem. É um romance imaginativo, entremeado com capítulos de uma aventura de vingança bárbara que se passa no século XII, escrita por Gonçalo Mendes Ramires, o protagonista. Trata-se de uma novela chamada A Torre de D. Ramires, em que antepassados de Gonçalo são retratados como torres de honra sanguínea, que contrastam com a lassidão moral e intelectual do rapaz.
Morreu em 16 de Agosto de 1900 na sua casa de Neuilly, perto de Paris. Teve funeral de Estado[4]. Está sepultado em Santa Cruz do Douro.
Foi também o autor da Correspondência de Fradique Mendes e A Capital, obra cuja elaboração foi concluída pelo filho e publicada, postumamente, em 1925. Fradique Mendes, aventureiro fictício imaginado por Eça e Ramalho Ortigão, aparece também no Mistério da Estrada de Sintra. Seus trabalhos foram traduzidos em aproximadamente vinte línguas.





Bibliografia:

·         O mistério da estrada de Sintra (1870)
·         O Crime do Padre Amaro (1875)
·         A tragédia da rua das flores (1877-78)
·         O Primo Basílio (1878)
·         O mandarim (1880)
·         As minas de Salomão (1885)
·         A relíquia (1887)
·         Os Maias (1888)
·         Uma campanha alegre (1890-91)
·         O tesouro (1893)
·         A Aia (1894)
·         Adão e Eva no paraíso (1897)
·         Correspondência de Fradique Mendes (1900)
·         A Ilustre Casa de Ramires (1900)
·         A cidade e as serras (1901, póstumo)
·         Contos (1902, póstumo)
·         Prosas bárbaras (1903, póstumo)
·         Cartas de Inglaterra (1905, póstumo)
·         Ecos de Paris (1905, póstumo)
·         Cartas familiares e bilhetes de Paris (1907, póstumo)
·         Notas contemporâneas (1909, póstumo)
·         Últimas páginas (1912, póstumo)
·         A Capital (1925, póstumo)
·         O conde de Abranhos (1925, póstumo)
·         Alves & Companhia (1925, póstumo)
·         Correspondência (1925, póstumo)
·         O Egipto (1926, póstumo)
·         Cartas inéditas de Fradique Mendes (1929, póstumo)
·         Eça de Queirós entre os seus - Cartas íntimas (1949, póstumo).


A s obras e principais personagens:

·         O Crime do Padre Amaro:   Amaro | Amélia | Tótó | Cónego Dias | S. Joaneira

·         O Primo Basílio: Luisa | Basílio | Jorge | Juliana | Julião | Ernestinho | Sebastião | Leopoldina | Acácio


·         O Mandarim: Teodoro | D. Augusta


·         A Ilustre Casa de Ramirez: Gonçalo Ramires | Titó  | Castanheiro | Videirinha | André Cavaleiro | Gracinha Ramires | Irmãs Lousadas

·         As Cidades e as Serras: José Fernandes | Jacinto | Joaninha

·         O Conde de Abranhos: Conde de Abranhos | Z. Zagalo | Desembargador Amado | Laura Amado | Virgínia | Padre Augusto


·         Alves e Cª.: Godofredo Alves | Ludovina Alves | Machado












Características do Realismo
  • Veracidade:
Despreza a imaginação romântica
  • Contemporaneidade:
descreve a realidade, falar sobre o que está acontecendo de verdade.
  • Retrato fiel das personagens:
carácter, aspectos negativos da natureza humana
  • Gosto pelos detalhes:
Lentidão na narrativa
  • Materialismo do amor:
Mulher objecto de prazer/adultério
  • Denúncia das injustiças sociais
mostra para todos a realidade dos fatos
  • Determinismo e relação entre causa e efeito
O realista procurava uma explicação lógica para as atitudes das personagens, considerando a soma de factores que justificasse suas acções. Na literatura naturalista, dava-se ênfase ao instinto, ao meio ambiente e a hereditariedade como forças determinantes do comportamento dos individuos.
  • Linguagem próxima à realidade:
simples, natural, clara e equilibrada.
Principais diferenças entre Romantismo e Realismo




O Realismo na literatura
Motivados pelas teorias científicas e filosóficas da época, os escritores realistas desejavam retratar o homem e a sociedade em sua totalidade. Não bastava mostrar a face sonhadora e idealizada da vida como fizeram os românticos; era preciso mostrar a face nunca antes revelada: a do quotidiano massacrante, do amor adúltero, da falsidade e do egoísmo humano, da impotência do homem comum diante dos poderosos.
Uma característica do romance realista é o seu forte poder de crítica, adoptando uma objectividade que faltou ao romantismo. Grandes escritores realistas descrevem o que está errado de forma natural. Se um autor desejasse criticar a postura da Igreja Católica, não escreveria um soneto anticristão, porém escreveria histórias que envolvessem-na de forma a inserir nessas histórias o que eles julgam ser a Igreja Católica e como as pessoas reagem a ela.
Em lugar do egocentrismo romântico, verifica-se um enorme interesse de descrever, analisar e até em criticar a realidade. A visão subjectiva e parcial da realidade é substituída pela visão que procura ser objectiva, fiel, sem distorções. Dessa forma os realistas procuram apontar falhas talvez como modo de estimular a mudança das instituições e dos comportamentos humanos. Em lugar de heróis, surgem pessoas comuns, cheias de problemas e limitações. Na Europa, o realismo teve início com a publicação do romance realista Madame Bovary (1857) de Gustave Flaubert. Alguns expoentes do realismo europeu: Gustave Flaubert, Honoré de Balzac, Eça de Queirós, Raul Pompéia (impressionista)
Realismo em Portugal
O Realismo na Literatura surge em Portugal após 1865, devido à Questão Coimbrã e às Conferências do Casino, como resposta à artificialidade, formalidade e aos exageros do Romantismo de uma sentimentalidade mórbida. Eça de Queirós é apontado, junto a Antero de Quental, como o autor que introduz este movimento no país, sendo o romance social, psicológico e de tese a principal forma de expressão. Deixa de ser apenas distracção e torna-se meio de crítica a instituições, à hipocrisia burguesa (avareza, inveja, usura), à vida urbana (tensões sociais, económicas, políticas) à religião e à sociedade, interessando-se pela análise social, pela representação da realidade circundante, do sofrimento, da corrupção e do vício. A escravatura, o racismo e a sexualidade são retratados com uma linguagem clara e directa. A primeira manifestação do Realismo em Portugal deu-se inicialmente na Questão Coimbrã, polémica esta que significou, nas palavras de Teófilo Braga “a dissolução do Romantismo”. Nela se manifestaram pela primeira vez as novas ideias e o novo gosto de uma geração que reagia contra o marasmo em que tinha caído o Romantismo. Atacando o estado das letras nacionais e propôs uma nova arte, uma arte revolucionária, que respondesse ao "espírito dos tempos" (zeitgeist), uma arte que agisse como regeneradora da consciência social, que pintasse o real sem floreados. Para Eça só uma arte que mostrasse efectivamente como era a realidade, mesmo que isso implicasse entrar em campos sórdidos, poderia fazer um diagnóstico do meio social, com vista à sua cura. Assim reagia contra o espírito da arte pela arte, visando mostrar os problemas morais e assim contribuir para aperfeiçoar a Humanidade. Com este cientificismo, Eça de Queirós já situava o Realismo na sua posição extrema de Naturalismo.

A implantação efectiva do Realismo dá-se com a publicação do
O Crime do Padre Amaro, seguida, dois anos mais tarde, pelo Primo Basílio, obras ambas de Eça, que são caracterizadas por métodos de narração e descrição baseados numa minuciosa observação e análise dos tipos sociais, físicos e psicológicos, aparecendo os factores como o meio, a educação e a hereditariedade a determinarem o carácter moral das personagens. São romances que têm afinidade com os de Émile Zola, com o intuito de crítica de costumes e de reforma social.
O primeiro desses romances foi acolhido pelos críticos de então com um silêncio generalizado. O segundo provocou escândalo aberto. E a polémica e a oposição entre Realismo e Romantismo estala definitivamente. Pinheiro Chagas ataca Eça considerando-o antipatriota, pelo modo como apresenta a sociedade portuguesa. Chegaram a aparecer panfletos acusando os realistas de desmoralização das famílias (Carlos Alberto Freire de Andrade: A escola realista, opúsculo oferecido às mães).
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Por volta de 1890 o Realismo/Naturalismo tinha perdido o seu ímpeto em Portugal. Em 1893 o próprio Eça o declarava morto nas Notas Contemporâneas: “o homem experimental, de observação positiva, todo estabelecido sobre documentos, findou (se é que jamais existiu, a não ser em teoria)
Embora por vezes doutrinariamente fraco e/ou confuso o Realismo em Portugal apresenta-se por isso mesmo, mais do que um movimento consistente, como uma tendência estética, um sentir novo, que se opôs ao Idealismo e ao Romantismo. A sua consequência mais importante foi a introdução em Portugal às influências estrangeiras nos vários domínios do saber. Alargando as escolhas literárias e renovando um meio literário que estava muito fechado sobre si mesmo.










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