terça-feira, 19 de outubro de 2010

Os riscos de uma alimentação industrializada

 “Os riscos de uma alimentação industrializada”
Palestra proferida pelo Professor Jorge Paiva


No dia dezanove de Outubro de dois mil e dez esteve presente na Escola Monsenhor Jerónimo do Amaral O Professor Doutor Jorge Paiva que apresentou uma palestra dirigida à classe docente subordinada ao tema “Os riscos de uma alimentação industrializada”.

O orador tentou sensibilizar para a importância de todo o património biológico, o único relevante para a sobrevivência da espécie humana. Sem bens materiais e sem cultura pode-se sobreviver, mas sem as outras espécies, isso não é possível, disse Jorge Paiva.

Acrescentou ainda que o decorrer histórico nos tem alertado para a preservação de todas as espécies. Citou o caso do teixo (Taxus baccata), uma planta da nossa flora, em risco de extinção, que até à pouco tempo se pensava não ter qualquer utilidade e que em 1993, se descobriu que a partir dele se pode extrair uma mistura de alcalóides, a taxina da qual faz parte um produto designado por taxol= placlitaxel, que mostrou ser uma poderosa droga no tratamento de alguns tipos de cancro, nomeadamente da mama e do pulmão.

Jorge Paiva, disse ainda que a Humanidade vive, actualmente, numa sociedade de economia de mercado, cuja preocupação predominante é produzir cada vez mais, com maior rapidez e o mais barato possível, de modo a conseguir-se o máximo lucro. Assim também acontece com os produtos alimentares que, por isso, são de pior qualidade, menos diversificados e mais poluídos.

Hoje, a alimentação básica mundial depende de 8 cereais, tão altamente seleccionados e uniformes, que catástrofes, devidas a moléstias ou a variações climáticas, podem levar, rapidamente, a Humanidade à fome. O mesmo acontece com a produção animal, que se baseia em 3 grupos de ruminantes (bovinos, ovinos e caprinos), na suinicultura, na avicultura e na piscicultura, com os animais tão seleccionados e uniformes, que muitas raças e espécies correm sérios riscos de extinção.

O orador chamou atenção para o facto de vivermos na chamada “Revolução Biotecnológica” com os designados seres transgénicos. Tal como a “Revolução Verde”, a “Revolução Biotecnológica” está a ser propagandeada como a panaceia de poder resolver o problema da fome, parecendo não haver contra-partidas.

Jorge Paiva, disse que com a “Revolução Verde” não só se abarrotou a Biosfera de produtos altamente tóxicos (agroquímicos e pesticidas) de tal modo que, praticamente, a água e todos os alimentos estão “envenenados”, em todo o Globo, como também  não se resolveu o problema da fome. Apenas lucraram as grandes companhias de produtos químicos e de produtos alimentares. Com a “Revolução Biotecnológica” já aconteceram intoxicações e até mortes com substâncias químicas produzidas por seres transgénicos, particularmente bactérias. Não sabemos ainda o que resultará da “fuga” de genes desses seres para os seres vivos selvagens. Podem ocorrer transformações genéticas com resultados drásticos e irreversíveis nos ecossistemas naturais. No entanto, tal como aconteceu com a “Revolução Verde”, minimizam-se as consequências, propagandeia-se que resolverá o problema da fome e o que está já a acontecer, na realidade, é o enorme lucro económico das referidas multinacionais da alimentação.

            Com uma produção alimentar e uma sociedade assim, não só não é possível preservar o Ambiente e a Natureza, como também a vida se torna menos saudável, com elevados riscos para a sobrevivência da Humanidade.

Felizmente que há países, nomeadamente Portugal que ainda demonstra alguma preocupação com a preservação da biodiversidade. É o caso do Banco de Germoplasma Vegetal de S. Pedro de Merelim (Braga), onde estão armazenados  1700 estirpes genéticas de milho.


De referir que nesta palestra estiveram presentes docentes de várias escolas que demonstraram grande entusiasmo e apreço pelo orador que a nossa escola muito se honrou em receber.

Teresina Bezerra
(texto adaptado a partir do resumo fornecido pelo orador)

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