quarta-feira, 6 de abril de 2011

A CIÊNCIA E A LEITURA

A ciência e a leitura

O professor António Fortuna presenteou algumas turmas do agrupamento,  com 90 minutos de conversa afável e emotiva, sobre a ciência, a que tive o privilégio de assistir. Foi no auditório Via Láctea, para alunos na faixa etária de 14/15 anos. Estes, estiveram atentos e agradados com que ouviam.
Podia ter-lhe chamado conferência, seminário, mas optei por aula”, pois foram momentos que se caracterizaram pela interacção, boa disposição, discurso dinâmico, descontraído do professor que tem como objectivo único, a aprendizagem dos alunos, “seus amigos”, como gosta de os tratar..
O digníssimo professor Fortuna iniciou a sua intervenção com Galileu e finalizou com a exploração infantil em países como o Paquistão e a Índia nos dias de hoje, seguindo uma barra cronológica recheada de referências à ciência e à leitura, saltitando de uma para a outra, enriquecendo obviamente todos os presentes.
Com Galileu, fizeram-se experiências sobre a gravidade, explicou-se porque a Torre de Piza ainda continua em pé e manipulou-se uma pequena maqueta estrutural, proporcionando a visualização da relação da inclinação da torre de piza e centro de gravidade.
Massa
Força da gravidade
Atracção ao centro da terra
Este momento serviu de primeira ligação à leitura, tendo sido apresentado António Gedeão e o seu genial “Poema para Galileu”.

Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,

aquele teu retrato que toda a gente conhece,

em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.(…)



Projectaram-se retratos de Galileu e obviamente  relacionou-se a Santa Inquisição, recordando-se o tempo quando ninguém podia pensar diferente das ideias instituídas pela religião vigente.


- Afinal quem gira à volta de quem???

Evocou-se Miguel Torga, nosso escritor transmontano e o seu desabafo “Diabo do papa” quando se pôs a olhar uma chocolateira. Mais uma referência à física, com Denis Papin, inventor do século XVII e a sua marmita.
“Física para o povo” de Rómulo de Carvalho que afinal também era o António Gedeão,  já declamado atrás, deu entrada a Sir James Watt e à sua máquina a vapor. Explicado o mecanismo da infernal e revolucionária máquina, e relacionada a pressão, com ebulição, e energia/movimento, entrou-se na Revolução industrial tendo como referencia uma bela máquina a vapor estacionada num dos jardins da nossa cidade.
Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pesso, e José Saramago foram referidos unidos pela personagem de Ricardo Reis e de seguida António Fortuna declamou a “Ode triunfal” do primeiro.
(…)
Eh-lá-hô fachadas das grandes lojas!


Eh-lá-hô elevadores dos grandes edifícios!


Eh-lá-hô recomposições ministeriais!

Parlamento, políticas, relatores de orçamentos,

Orçamentos falsificados!


(…)

Palmas e palmas de cada vez que o professor declama, pois também declama bem e com expressão e entusiasmo contagiante.
Mais uma vez o diário de Torga serve para evidenciar a sensibilidade social deste escritor, perante o trabalho escravo das minas de carvão no país de Gales, e outros países, uma realidade que chegava ao seu consultório médico através dos  mineiros com as suas vidas “minadas” pela doença terrível que lhes encurtava a vida .
Um diapositivo com um corte de uma mina de carvão, onde os mineiros muito jovens trabalhavam quase deitados, fez a ponte com a exploração de mão- de- obra infantil no fabrico de tijolos no Paquistão e India, onde crianças de 2 ou 3 anos operacionalizam a secagem do seu fabrico artesanal. Esta referência, como realidade contemporânea e próxima gerou silêncio e reflexão por parte dos presentes.
Finalmente António Fortuna leu um texto da sua autoria que aborda o comboio dos anos 60/70 do sec. XX, e o vagão Jota.
Em conclusão e já evidenciando cansaço com esta longa viagem através da física e da literatura, Fortuna ainda declamou o poema  “Pedra Filosofal”, tendo feito o seu enquadramento histórico na ditadura de Salazar .   

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso, (…)

Esta aula ficará na memória dos nossos alunos. Afinal a Ciência também tem uma história e a literatura é uma arte que pode expressar o sofrimento, a alegria, a descoberta, a emoção de procurar e descobrir a verdade para atingir o conhecimento.
Bem-haja professor!

Anabela Quelhas (prof)

4 comentários:

  1. Os objectivos que tinha quando convidei este professor/poeta/escritor:
    1. Estimular o gosto e o estudo pela literatura
    2. Estabelecer a ligação entre a literatura e cultura científica
    3. Despertar a curiosidade acerca do mundo à nossa volta e criar um sentimento de admiração, entusiasmo e interesse pela Ciência.
    4. Criar um contexto favorável à aprendizagem das disciplinas ligadas à Ciência
    5. Valorizar a imagem da Ciência junto dos jovens
    foram claramente atingidos.
    Ao Fortuna, que assim que lhe lancei o repto, sem qualquer hesitação ou condição prévia, aceitou visitar-nos, até breve!
    Cá te esperamos para nos dares a conhecer aquele conterraneo... aguardo essa aula com muita curiosidade, com ansiedade até.
    Um beijo grande,
    Joana

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  2. Preciosa Colega Joana:
    "...O professor António Fortuna presenteou algumas turmas do agrupamento, com 90 minutos de conversa afável e emotiva, sobre a ciência, a que tive o privilégio de assistir. Foi no auditório Via Láctea, para alunos na faixa etária de 14/15 anos. Estes, estiveram atentos e agradados com que ouviam.
    Podia ter-lhe chamado conferência, seminário, mas optei por “aula”, pois foram momentos que se caracterizaram pela interacção, boa disposição, discurso dinâmico, descontraído do professor que tem como objectivo único, a aprendizagem dos alunos, “seus amigos”, como gosta de os tratar..."

    O sublime Professor Fortuna foi meu colega e amigo inseparável no designado anteriormente Liceu de Vila Real.
    Não sei se ainda se lembra de mim?
    É um Ser Humano fabuloso e um "amante" profundo e valioso da Ciência. Vale pela sua significação humana de humildade como deveríamos ser todos nós.
    Parabéns pela grandeza do seu fantástico carácter enorme e gigante e pela contribuição que "confecciona" com talento para auxiliar e enriquecer a Educação dos jovens e crianças.
    Fizeste bem, Extraordinária colega Joana.
    O Professor Fortuna é um "poço" sem fim do conhecimento e da ciência.
    Abraço amigo de respeito a ele, pela brilhante "prestação" neste maravilhoso e perfeito Estabelecimento de Ensino.
    Para ti, deslumbrante colega extraordinária Joana todos de certeza te agradecem por tê-lo trazido aqui, pela sensibilidade linda que "mora" em ti com preciosismo e um valor imenso.
    Sempre a admirar-vos.

    pena

    Bem-Hajam, amigos/colegas.
    A Biblioteca de sonho de certeza estará sempre atenta em criar momentos de fascínio, como foi este. Um ímpar instante de beleza e magia pura.
    Excelente, Joana!
    Continua. Estou contigo de forma constante.

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  3. Preciosa e Sublime Amiga/Colega Joana ou Joaninha:
    Olhe, hoje venho agradecer o maravilhoso e-mail que a linda e enorme Senhora Professora de sonho me enviou. Fiquei comovido e sensibilizado, sabe?
    É deslumbrante e maravilhosa, divinal amiga.
    Sabe, o Ensino e Educação é feito com um bocadinho permissivo de subversão. É para bem, deles e delas.
    A minha colega deslumbrante prima por atitudes e gestos fabulosos e mágicos. Foi o que fez.
    Fiquei atónito, perplexo, por tanta pureza e beleza num coração doce e lindo. O seu!
    MUITO OBRIGADO, sim, Joaninha prodigiosa de talento imenso.
    Abraço agradecido pelo seu majestoso gesto que me abalou pelo deslumbre e notabilidade de si, apesar de estar triste nos aspectos pessoal/escolar por acontecimentos que sucederam e são para esquecer para sempre.
    Ainda tenho forças para a agraciar na forma extraordinário como concebe a Educação na sua imensa amplitude.
    Sabe que encanta e fascina, não sabe?
    Com respeito sensibilizado pela sua ternura.
    Abraço amigo de respeito profundo a esse Ser Humano gigantesco que dá pelo nome de: Sublime e Divinal colega da há muito: JOANA ou JOANINHA!
    Sempre a admirá-la

    pena

    Excelente!
    Há poucas pessoas assim.
    Excelente, Colega gigantesca Joana de um sonho maravilhoso.
    MUITO OBRIGADO.
    A família está bem e propaga-me apoio, compreensão e felicidade.
    A Senhora Professora sabe que é notável, não sabe?
    Fico-lhe grato.

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  4. Distinto (Pena),

    fico sem saber o que dizer... o que é que eu, oh coitada, te posso dizer, perante o que escreves?... fico... fico sem saber o que dizer...

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